quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

JANGADA DE PEDRA (III)

Desde segunda-feira, temos vindo a apontar algumas “pistas” no que concerne à temática da economia e do emprego no nosso concelho. Não mais do que isso, “pistas”, que poderão ser discutíveis e passíveis de discussão. É apenas essa a nossa intenção: que se discuta, que se melhorem os nossos textos. Que daí possa resultar algo de mais profícuo para o nosso concelho.
Em comentário de ontem, deixaram-nos a seguinte ideia: “(...) Quando às vezes falo com as pessoas e aponto que um dos grandes potenciais do Algarve é a agricultura, em especial no cultivo de espécies que tirem partido do microclima da região, ouço logo os velhos do Restelo a dizer que a agricultura não tem futuro porque não há subsídios, ou porque a PAC não deixa.
No entanto temos casos de sucesso de empresários estrangeiros que apostaram na agricultura no Algarve (em pequena escala) e que não se queixam. Será preciso relembrar a notícia que saiu há semanas no Expresso que apontava para um mega investimento de 400 milhões de euros na zona de Odemira por empresários holandeses num projecto agrícola de grande dimensão?
”.
Os documentos disponibilizados pela Câmara Municipal, no âmbito do Plano Estratégico de Lagos (PEL), aos quais nos temos referido desde o início da semana apontam para uma “Estrutura empresarial caracterizada pela dimensão muito pequena, de carácter familiar, associada a volumes de venda reduzidos”, uma “Taxa de crescimento do sector produtivo [que se] situa acima da média da região”, a existência de “647 explorações agrícolas e 3.979 ha de superfície agrícola utilizada em 1999” e “64% da SAU corresponde a terra arável, salientando-se os 14,6% de pastagens permanentes (...)”.
Daí , que o documento aponte como PONTOS FORTES o “Crescimento do sector produtivo acima da média da região” e a “Área agrícola cultivável extensa” e que os PONTOS FRACOS sejam a “Inexistência de empresas de grande dimensão (quanto ao número de trabalhadores e de volume de vendas).”
Assim, deveria ser motivo de reflexão porque razão os nossos campos se encontram por cultivar, porque razão a nossa frota pesqueira tem vido a ser desmantelada e quais as consequências da prossecução dessa política? Como reagir? Que volta haverá a dar aos que nos apontam esta como sendo uma inevitabilidade?
Que esta não seja uma jangada, uma jangada de pedra, a afastar-se da Europa, onde a agricultura e a pesca ainda são áreas produtivas e de riqueza, é o que desejamos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Posso apontar algumas das principais razões para a falta de empreendorismo em sectores que não o turismo e construção: laxismo, preguiça, falta de capacidade de sacrifício e de correr riscos, visão do Estado como entidade protectora e à qual tudo é exigido.

No caso da agricultura, o caso do conselho de Lagos é exemplar quanto a este aspecto: é confrangedor ver tantos campos agrícolas ao abandono (à espera de serem loteados para ser construída uma urbanização) e já não haver apanha da amêndoa e do figo. Em contrapartida, vemos à venda nos supermercados amêndoas americanas e figos da Turquia, quando mesmo ali ao lado temos amendoeiras e figueiras a apodrecer e ao abandono. Porque é que para os outros dá e para nós não. Razões? Simples:
- Falta de capacidade de sacrifício: uma exploração agrícola não gera rentabilidade se calhar nem em um, nem em dois anos, mas só passados alguns anos;
- É mais fácil investir num bom carro ou jipe, do que em alfaias ou máquinas agrícolas que automatizem certos procedimentos (com uma substancial redução de custos);
- Falta de associativismo entre produtores agrícolas. Se já é difícil por duas pessoas de acordo, agora imagine-se 20 ou 30. E depois as invejazinhas e as intrigas, tudo tão tipicamente português!
- Falta de um projecto de certificação de qualidade da amêndoa e do figo algarvio.
- Falta de formação dos agricultores e uma enoooorme falta de abertura à aprendizagem de novas técnicas ou novos procedimentos ou de introdução de novas culturas. Isto é, os agricultores são muito conservadores e têm da agricultura uma imagem tradicional, quase bucólica e muito retrógada. Isto é, não vêem a agricultura como uma actividade empresarial capaz de gerar grande riqueza, e não têm a noção de que para além dos conhecimentos técnicos são também ncessários conhecimentos de gestão e de marketing.

Em suma, e neste sector em concreto (agricultura - pode-se apontar outros), é preciso algo que já vem faltando muito aos portugueses: arregaçar as mangas e trabalhar a sério e acabar com a pedinchice. Haja coragem.

Anónimo disse...

Com a entrada de Portugal na UE, sucessivamente os políticos foram negociando a troca de produção, nomeadamente nas pescas (abate de barcos) e na agricultura (fim do cultivo de algumas espécies de culturas) por troca com subsídios, ou seja dinheiro que entretanto foi gasto!!!! Passados todos estes anos, fala-se agora, por exemplo, que Portugal tem que se virar para o mar como estratégia para o futuro. Então porque é que os mesmos políticos que mandaram abater os barcos, querem agora que nos viremos para o mar?
Relativamente à nossa cidade, existe a necessidade de perceber que só conseguindo atrair empresários com alguma capacidade, conseguiremos dar o salto por cima. Sem investimento não à emprego nem riqueza.
Chegou o momento dos grandes desafios para o país, para as empresas, e também para as cidades e obviamente para as pessoas. No futuro os concelhos que conseguirem identificar novas oportunidades de negócios e de atracção de investidores, serão aqueles que conseguirão ter mais vantagens competitivas relativamente a outros. Aqui em Lagos, senão entendermos que estamos a competir num mundo globalizado e não nos adaptarmos rapidamente a esta situação,teremos apenas uma jangada de pedra.

O venenoso

Anónimo disse...

Quer queiramos ou não o exito da nossa ecónomia ou de outra coisa qualquer,está na excelencia dos produtos e para que seja possivel na excelencia do trabalhador.
Ao não premiar a excelencia de quem trabalha,estamos a cultivar o fracasso.
Os nossos "empresários" não premeiam os seus bons funcionários e depois .... queixam-se.

ET