quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

JANGADA DE PEDRA (II)

De acordo com os documentos disponibilizados pela Câmara Municipal de Lagos, aos quais nos referimos ontem, e relativos ao Plano Estratégico de Lagos (PEL), em 2000, 92,8% das empresas lacobrigenses pertenciam ao sector terciário, sendo esse valor 13,9% superior ao nacional. Contudo, a estrutura empresarial caracterizava-se pela existência de “empresas de muito pequena dimensão (com 1 a 9 trabalhadores), atingindo cerca de 84,9% do total das empresas”.
Assim, o documento aponta como PONTOS FORTES o “Crescimento absoluto do número de empresas em actividade” e o “Crescimento dos sectores produtivos acima da média da região". Quanto aos PONTOS FRACOS eles são os seguintes: “Elevada terciarização da estrutura produtiva” e o “Reduzido número de empresas de grande dimensão (quanto ao número de trabalhadores e de volume de vendas".
Actualmente, não só em Lagos, como no Algarve, no país e noutros locais, os empresários debatem-se com inúmeras dificuldades, resultantes de uma estrutura e conjunturas que se têm apresentado desfavoráveis nos últimos anos. Simultaneamente, não existe em Portugal (nem no Algarve, nem em Lagos) uma “cultura empresarial” e muitos dos que a pretendem seguir deparam-se com disfunções burocráticas que fazem perder a cabeça a qualquer um.
Neste contexto, assumem especial importância as associações empresarias, das quais destacamos por uma questão de proximidade geográfica a ASEMBA. A junção de vontades por parte dos empresários do barlavento algarvio poderia levar à resolução de muitos problemas na área económica, que são comuns a muita gente desta sub-região algarvia. Não obstante, não é isso que se verifica, de uma forma geral. Não só os empresários não têm revelado capacidade suficiente para fazer crescer a sua associação, como olhando para as suas pretensões e queixas tornadas públicas, se tem verificado algum alheamento do Poder Local quanto a várias aspirações reveladas (entre parêntesis, como está o URBCOM?). Mesmo considerando que há interesses de empresários de variados sectores de actividade que não coincidem com os da autarquia (embora os da área da construção possam constituir excepção), seria interessante e desejável que a Câmara tivesse um relacionamento a todos os níveis mais profícuo e mais frutuoso com as empresas. E isso, salvo melhor opinião, não se tem verificado (e não, não nos vamos hoje debruçar sobre mais uma derrama anunciada...).
Câmara e empresários com falta de sintonia, de parceria, de ligação efectiva? Pelos vistos sim, em prejuízo de todos. Como uma “jangada de pedra”...

3 comentários:

Anónimo disse...

Como é que queremos criar uma cultura empresarial quando os empresário que temos, quando toca a investir estão sempre de mão estendida a pedir apoios e a queixarem-se da burocracia. O que há no fundo, são uma espécie de merceeiros (com todo o respeito que esta classe empresarial merece) que quando querem fazer algum investimento andam à coca a ver se obtém todos os apoios e mais alguns de forma a gastar o menos possível e assim poderem verdadeiramente investir em carros de alta cilindrada.
Por outro lado, não existe uma cultura de investir a Médio/Longo Prazo, ou seja, cada vez mais os investimentos são efectuados de forma a obter retorno o mais rapidamente possível, daí que a construção civil continua a prosperar.
Quando às vezes falo com as pessoas e aponto que um dos grandes potenciais do Algarve é a agricultura, em especial no cultivo de espécies que tirem partido do microclima da região, ouço logo os velhos do Restelo a dizer que a agricultura não tem futuro porque não há subsídios, ou porque a PAC não deixa.
No entanto temos casos de sucesso de empresários estrangeiros que apostaram na agricultura no Algarve (em pequena escala) e que não se queixam. Será preciso relembrar a notícia que saiu há semanas no Expresso que apontava para um mega investimento de 400 milhões de euros na zona de Odemira por empresários holandeses num projecto agrícola de grande dimensão?
Eu continuo na minha, a construção não gera riqueza! Pode parecer contraditório mas é verdade, a verdadeira riqueza é gerada por actividades que continuamente geram valor, como por exemplo a indústria, o turismo (no nosso caso), a agricultura. De uma forma muito simples: se se constrói num terreno (para habitação), a riqueza só é gerada uma vez. Se o mesmo terreno é usado na agricultura ou na construção de um hotel ou fábrica, a riqueza é gerada continuamente a longo prazo.
Em suma, queremos empresários que saibam correr riscos e investir a longo prazo, esses sim, é que são os verdadeiros empresários.

Anónimo disse...

"A função própria da inteligência exige uma liberdade total, implicando o direito a tudo negar e nenhuma dominação. Sempre que ela usurpa um comando, há excesso de individualismo. Sempre que se encontra tolhida, há uma colectividade opressiva, ou várias.
A Igreja e o Estado devem puni-la, cada um à sua maneira, quando ela aconselha actos que eles desaprovam. Quando ela permanece no campo da especulação puramente teórica, eles têm ainda o dever, se for caso disso, de pôr o público de sobreaviso, por todos os meios eficazes, contra o perigo de uma influência prática de certas especulações na condução das vidas. Mas, sejam quais forem essas especulações teóricas, Igreja e Estado não têm o direito nem de procurar abafá-las nem de inflingir aos seus autores quaisquer danos materiais ou morais."
Fonte:
http://citador.weblog.com.pt/

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Câmara e empresários com falta de sintonia, de parceria, de ligação efectiva? Pelos vistos sim, em prejuízo de todos. Como uma “jangada de pedra”...
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A falta de visão estratégica não estará do lado do autor? Paradoxo? Não será uma análise redutora e que é equivalente à falta de sintonia com o sentir do empresário? Os analistas devem ir mais longe e não ficaram-se por transmitir imagens reduzidas que podem indiciar uma tendência que não se quer como objectiva. Não faz sentido que nos ponhamos a adivinhar quando do assunto só entendemos o que a nossa razão nos leva a pensar e quanto ao resto, adivinhamos. Ou tentamos. Estamos, portanto, perante um texto eivado e de qualidade duvidosa.

BE

Anónimo disse...

Enquanto teimarmos em tentar fazer seja o que for de uma forma individual,não teremos exito.A associação de pessoas em torno de projectos é a unica forma de fazer algo de duradouro.E é aí que os organismos oficiais deveriam fomentar a associação de pessoas e de empresas.Essa é uma area que de facto nós não dominamos e por isso seremos engolidos por quem sabe.Ter objectivos comuns só por si,dinamiza qualquer organização,concretizá-los ajuda a acreditar na comunidade.
Qual o nosso objectivo enquanto comunidade?
ter qualidade de vida para nós e para quem nos visita?
dar uma boa educação aos nossos filhos e hipoteses de trabalho bem remunerados?
talvez sejam estes os nossos principais objectivos.
Quanto à sua concretização só à mãe natureza tem feito alguma coisa,porque os homens,só têm ajudado a destruir!

ET