“Algures, numa cidade distante, visitei por uma tarde de Março um austero pintor. Não é que fosse fácil a conversa, mas falámos de várias coisas. Entremeando silêncios. De livros, creio. De alguma pintura, certamente também. Fazia calor. O austero pintor perguntou-me o que queria beber. Depois abriu o frigorífico. Serviu-me um pouco de água e disse: «É o que tenho.» Imagem voluntária de uma casa austera. E pequena.Quando chegámos a falar sobre o Joaquim Bravo, os olhos revolveram-se-lhe na mesma penumbra de sempre. Comprimiu nos lábios o esboço longínquo de um sorriso e deixou escapar uma única expressão: «Esse, esse é um atleta!»” (José Miranda Justo.)
Joaquim Lopes de Mira Bravo nasceu em Évora, a 7 de Dezembro de 1935. Em 1966, fixou-se em Lagos, onde o conhecemos. Foi Amigo e foi Mestre. Na sua casa, na Soeiro da Costa, falámos muitas vezes. De livros, de pintura, de música. Falávamos do que calhava, pois o Bravo cultivava o convívio e a amizade. E gostava bastante de pôr as cabecinhas a pensar, a reflectir, a meditar.
Hoje, sabendo que nunca mais nos reencontraremos, recordamo-lo com saudade, com a certeza da falta que nos faz e do muito com que também contribuiu para que sejamos o que somos. “A liberdade não é conhecimento mas sim aquilo no que nos tornamos depois do conhecimento.” (Joaquim Bravo.)
[A fotografia é da autoria de Luís Campos.]
11 comentários:
Ora aí está um homem magnífico que fez diferença na minha vida. Bem lembrado.
Há pessoas com casas imensas.. nas quais nos sentimos absolutamente bem acolhidos.. queridos, acomodados!
admiro-te pá!
GRANDES
Um dia ele entrou-me pela casa dentro, sentou-se de frente para o quadro dele e passados aí uns 20 minutos, sem que tivesse dito fosse o que fosse, disse-me que não gostava da moldura que eu tinha escolhido, segundo ele era pouco austera. Levantou-se e fomos embora tratar das esquadrias que ele próprio gostava de fazer, ou antes, supervisionar. Vem sempre a horas a recordação. Sempre!
Um ícone dos nossos tempos.
gostava de o encontrar onde quer que seja.
No pátio da escola secundaria, a seguir ao almoço costumava-mos fazer sempre uma peladinha, brincar com a bola, por muitas vezes, o professor Bravo juntava-se à malta, numa forma tão natural que nos deixava um pouco admirados, mas entusiasmados por alguém mais velho e respeitado compartilhar nossas emoções em momentos vividos em tempos que já
mais esquecerei. Sua mentalidade aberta e jovem, demarcou este professor dos demais, e claro influenciou minha juventude, obrigado professor.
O que é pena é que as pessoas se lembram de determinadas personalidades depois da vida, por isso mesmo queria aproveitar este espaço para lembrar e agradecer ao professor João Cascada por ter sido meu professor e acima de tudo um grande amigo, e conselheiro.
Agradeço-vos de todo o coração a lembrança destes homens com quem tive tando de vida entrelaçada! Um abraço!
Quando se fala de Joaquim Bravo, calo-me num silêncio que já vai em anos.
É essa a minha profunda ligação a essa pessoa extraordinária
mas, é nesse recato que mais sinto a sua presença, que me faz falta todos os dias.
Porra, Jaquim... vamos mas é ali abaixo beber uma imperial... olha-me só a conversa destes piruns !!!
Mais um grande HOMEM que passou pela nossa juventude e que ajudou a criar a ilusão de "quando for grande..."queria ser como ele,mas
nem aos calcanhares lhe chegarei.
Onde quer que esteja Um ABRAÇO
prof.BRAVO
Tive o privilégio de ter sido aluno deste grande homem. Confesso que por culpa dele, aprendi, porque era muito exigente com os seus alunos. Recordo-o com muito carinho e emoção.
Até um dia Prof. Bravo!
Um abraço também para o Jaime, seu filho, que é um gajo porreiro e ainda companheiro da bola.
O venenoso
BRAVO!
(bis)
Se houvesse um prémio para o post mais bonito dos últimos tempos, este certamente que o mereceria!
Bravo também, 5pontas!
Enviar um comentário