terça-feira, 6 de dezembro de 2005

MÁ MÃE, BOA MADRASTA (II)

Desde o século XV, a emigração é uma realidade da/na nossa Pátria. Na sequência dos descobrimentos “efectuados” pelos heróis do nosso país, o Norte de África, a Madeira e os Açores constituíram destino para mais de 100 mil conterrâneos.
A abertura do “caminho marítimo para a Índia” abriu lugar à fixação de portugueses não só ao longo da costa africana, mas também a Oriente.
A Europa dos negócios acolheu, igualmente, os portugueses. Como todo o Mundo, aliás: “Os portugueses, neste século, estão já espalhados por todo o mundo: do Brasil ao Japão, da Terra Nova (Canadá) ao Perú, dos países baixos a Moçambique e à Abissínia, de Ormuz (Golfo Pérsico) e da Pérsia a Timor e às Filipinas, do Rio da Prata a Sevilha e Interior de Castela.
A expulsão dos judeus portugueses, contribui igualmente para esta diáspora. Estabelecem-se grandes colónias de emigrantes portugueses nos Países Baixos (Holanda e Bélgica) e no Sudoeste da França, Alemanha, Inglaterra, mas também para o Norte de África e a região da actual Turquia. Muitos outros rumaram para a Índia e o Brasil.
Calcula-se que entre 1500 e 1580 tenham saída de Portugal cerca de 280 mil pessoas. Durante a dominação filipina, cerca de 360 mil (Dados de Vitorino Magalhães Godinho)”. (fonte: http://imigrantes.no.sapo.pt/page6portugal.html)
Nos séculos XVII e XVIII, a ocupação territorial do Brasil (e continente americano) absorveu grande parte da emigração nacional, tendência que se prolongou até ao século XX.
No entanto, após a década de 50 desse século, os emigrantes portugueses optaram pelos países europeus como escolha para porto de abrigo. Na década de 60, a emigração para África constituiu, a par dos fluxos para a Europa, local de destino privilegiado. “Os números sobre a emigração de portugueses, neste período, são impressionantes. Entre 1958 e 1974, as estatísticas oficiais registam que 1,5 milhões de indivíduos tenham abandonado Portugal. Em 1973, por exemplo, foram 123 mil. No ano seguinte, mesmo após todas as restrições à emigração por toda a Europa, saíram do país 71 mil pessoas.
(fonte: http://imigrantes.no.sapo.pt/page6portugal.html)
“A emigração portuguesa, ainda está por estudar em toda a sua extensão e implicações. Ao longo de quase seis (6) séculos muitos milhões de portugueses espalharam-se por todo o mundo. Muitas vezes fizeram-no por razões culturais, outras por espírito de aventura, mas quase sempre por motivos de sobrevivência. Convém não esquecer este ponto, numa altura que chegam a Portugal centenas de milhares de imigrantes à procura de melhores condições de vida que não possuem nos seus países de origem.
Carlos Fontes, trabalho citado”
Lagos, má mãe e boa madrasta? Ou Portugal, terra onde é muito difícil viver?

[A imagem é parte da capa do disco de Adriano Correia de Oliveira, “Gente de Aqui e de Agora”, da autoria de Silva e Castro. Neste trabalho discográfico pode escutar-se o tema “Emigração”, de José Niza - Curros Henríquez/adaptação livre de José Niza:
“(...) Desde então,
Quando vejo que um homem
Deixa a terra onde infeliz nasceu
E fortuna busca noutras praias, digo:
Que te guie a Deus Também (...)”

4 comentários:

Anónimo disse...

Descendente, algo remoto, de gente que professava religião diferente da dominante, que na época do terror inquisitorial se viu obrigada a migrar para estas bandas, guardando por tempos, portas adentro, o velho rito, e assumindo-se publicamente como novos conversos à fé em Cristo, ainda hoje me interrogo sobre os efeitos da intolerância religiosa no desenvolvimento deste país. Não tanto pelo impacto positivo conhecido que muitos judeus portugueses, de entre os que puderam emigrar, tiveram no desenvolvimento dos países de acolhimento (por exemplo a Flandres e os Países Baixos), mas principalmente pelos reflexos negativos que o medo e o terror de serem descobertos tiveram nos que por cá ficaram.
Para sobreviverem e apenas obedecerem a seu senhor o Deus de Israel, remeteram-se à modéstia e ao anonimato, sem que os seus múltiplos talentos, do artesanato ao comércio e à cultura, pudessem ser postos ao serviço do desenvolvimento deste país, que também era seu por nascimento ou adopção, numa época tão promissora.
Este foi, talvez, o pior acto de ingratidão, ainda hoje não totalmente avaliado, e apenas muito parcialmente reconhecido, cometido contra uma comunidade inteira de cidadãos que sem saberem acordaram um dia com a religião errada.
IDAS.

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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