Assinalou-se ontem o Dia Mundial da Poesia.
Associando-nos (embora tardiamente) à efeméride, trazemos hoje ao 5Pontas um poema da autoria de Sophia de Mello Breyner Andresen, intitulado “Lagos II”. Desde que esta admirável escritora o criou, muito mudou no nosso concelho e na nossa cidade. Alguns, até dizem que foi o progresso que aqui chegou. Certo é que hoje Sophia não teria como ver Lagos “clara como a cal concreta como a cal”. E do Abril que sonhámos, “o dia inicial inteiro e limpo”, restam murchos cravos.
LAGOS II
Lagos onde reinventei o mundo num verão ido
Lagos onde encontrei
Uma nova forma do visível sem memória
Clara como a cal concreta como a cal
Lagos onde aprendi a viver rente
Ao instante mais nítido e recente
Lagos que digo como passado agora
Como verão ido absurdamente ausente
Quase estranho a mim e nunca tido
II
Foi um país que eu encontrei de frente
Desde sempre esperado e prometido
O puro dom de ter nascido
E o sol reinava em Lagos transparente
III
Lagos lição de lucidez e liso
Onde estar vivo se torna mais completo
- Como pode meu ser ser distraído
De sua luz de prumo e de projecto?
IV
Ou poderemos Abril ter perdido
O dia inicial inteiro e limpo
Que habitou nosso tempo mais concreto?
Será que vamos paralelamente
Relembrar e chorar como um verão ido
O país linear e transparente
E sua luz de prumo e de projecto
Associando-nos (embora tardiamente) à efeméride, trazemos hoje ao 5Pontas um poema da autoria de Sophia de Mello Breyner Andresen, intitulado “Lagos II”. Desde que esta admirável escritora o criou, muito mudou no nosso concelho e na nossa cidade. Alguns, até dizem que foi o progresso que aqui chegou. Certo é que hoje Sophia não teria como ver Lagos “clara como a cal concreta como a cal”. E do Abril que sonhámos, “o dia inicial inteiro e limpo”, restam murchos cravos.
LAGOS II
Lagos onde reinventei o mundo num verão ido
Lagos onde encontrei
Uma nova forma do visível sem memória
Clara como a cal concreta como a cal
Lagos onde aprendi a viver rente
Ao instante mais nítido e recente
Lagos que digo como passado agora
Como verão ido absurdamente ausente
Quase estranho a mim e nunca tido
II
Foi um país que eu encontrei de frente
Desde sempre esperado e prometido
O puro dom de ter nascido
E o sol reinava em Lagos transparente
III
Lagos lição de lucidez e liso
Onde estar vivo se torna mais completo
- Como pode meu ser ser distraído
De sua luz de prumo e de projecto?
IV
Ou poderemos Abril ter perdido
O dia inicial inteiro e limpo
Que habitou nosso tempo mais concreto?
Será que vamos paralelamente
Relembrar e chorar como um verão ido
O país linear e transparente
E sua luz de prumo e de projecto
5 comentários:
Pois é meu amigo, apesar de me dizer hoje na avenida que não era o autor, continuo a achar que é.
Era para dar os parabens pessoalmente mas assim paciencia, fica para a proxima.
Obrigado pelas suas simpáticas palavras.
Na avenida? Pois eu também customo andar por lá, mas mais á noitinha, ao fundo da avenida. Epá, apareçam, sei de um sítio sossegado onde a malta pode conversar sem dar nas vistas.
Eu também acho que você é.
Marcelo (Marcela para os amigos)
mas atacam todos na avenida?
Very cool design! Useful information. Go on! » »
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