LUTO CARREGADO

Em Setembro de 2004, a revista National Geographic publicou um suplemento especial dedicado às alterações climáticas que se verificam no nosso planeta.
De acordo com Filipe Duarte Santos, professor de física, geofísica e Ambiente na Universidade de Lisboa, citado nesta prestigiada revista, devido ao previsível aumento da temperatura média em 2100 na ordem dos 5 graus Centígrados, resultarão impactes significativos no nosso país. Entre estes, o cientista, destaca “a redução do caudal anual dos rios, a intensificação da assimetria Norte-Sul quanto às disponibilidades hídricas (...), e um aumento da contaminação salina em aquíferos costeiros, provocado pela subida da água do mar”.
Segundo afirmou, “o turismo é um sector muito relevante para a economia portuguesa, pois emprega mais de 5% da população activa. As alterações climáticas irão certamente provocar variações nos fluxos turísticos, devido à redução do conforto térmico, ao maior risco de infecções alimentares resultantes da menor qualidade da água, riscos associados a doenças e aumento do risco de incêndios florestais e secas”.
E daí, poderão interrogar-se alguns? Já não estaremos vivos em 2100, não é?
Pois é, nessa altura já não deveremos estar cá para ver e fruir da beleza da nossa Meia-Praia, nem da nossa baía, nem da nossa Costa d’Oiro, nem da nossa Ponta da Piedade. Mas ficaríamos mais tranquilos se fosse outro o cenário que espera os nossos descendentes. Um panorama mais risonho, corrigido enquanto ainda vamos a tempo de o fazer, por acção política dos poderes supra-nacionais, do Central e do Local. Contudo e infelizmente, olhando para a actividade desenvolvida quer pelo(s) Governo(s) quer pela(s) Autarquia(s), aumenta-nos a preocupação a cada dia que passa.

A dolência, a inacção, a apatia na preservação do património natural, a preocupação quase exclusiva do Poder com o que é imediato, com a aceitação da desenfreada “betonização” de tudo o que já foi verde, que teve água, de tudo o que já viu vida animal e vegetal (até porque algum “famoso” Plano –PDM, POOC, ETC- assim o prevê...), faz-nos supor que o futuro se pintará de preto. De luto carregado.