segunda-feira, 3 de outubro de 2005

UMA SONDAGEM PARA ESQUECER

Na sua última edição, o jornal Barlavento, de Portimão, publicou uma separata dedicada aos programas eleitorais para as eleições autárquicas de 2005, aos resultados eleitorais de 2001, bem como sondagens concelho a concelho do Algarve.
No que diz respeito aos resultados da auscultação efectuada aos eleitores de Lagos, ficámos a saber que “se as eleições para a Câmara Municipal fossem hoje, em que partido ou candidato votaria?”, 64.58% dos inquiridos responderam PS, 19.05% PSD, 2.08% CDU, 0.30 CDS/PP, 11.90% estavam indecisos e 2,08% votariam em branco. Perante estes supostos resultados, pelas nossas contas, o PS obteria 5 mandatos à Câmara Municipal e o PSD apenas 2.
Pondo em causa a honestidade e a seriedade deste trabalho efectuado pela REGIPOM, publicado no Barlavento, e a discorrer apenas ao de leve sobre a metodologia com que se efectuou esta sondagem, já que o fizéssemos a sério isso poderia ser uma verdadeira chatice para quem nos lê, há nela algumas “pequenas” coisas que nos merecem reparo.
Para que os resultados de uma sondagem sejam aceitáveis, dever-se-á ter um cuidado extraordinário com a “amostra”. Esta deverá reflectir a realidade do concelho, não só em termos de estrutura etária, mas também de género. Não pode ser igualmente negligenciada a ocupação territorial, por freguesia. De acordo com a ficha técnica publicada estes princípios básicos até terão sido cumpridos.
O problema dos resultados apresentados por esta sondagem reside na forma como o inquérito foi efectuado. Uma sondagem telefónica, como esta, deveria ter em conta que por telefone são poucos os que têm vontade e liberdade de expressar aquilo que realmente irão fazer no momento do voto. Prova do que afirmamos é o facto de nesta sondagem terem sido feitos “672 telefonemas para um total de 336 entrevistas conseguidas”, ou seja, metade! O meio que permite obter mais fidelidade nas respostas é o do voto secreto, em urna. Isso é certo e sabido. Aqui optou-se pelo “método” do mais baratinho... Mas, como quase 12% dos inquiridos estavam indecisos aquando desta auscultação, dia 9, após o encerramento das urnas, tudo há-de bater certo no fim. Ninguém erra, ninguém errou...
Daí que nos interroguemos: a quem serve a divulgação destes resultados? E porquê? A resposta é simples. Não será, definitivamente, a quem é apresentado como ganhador. Pelo contrário, o objectivo que parece claro é o de desmobilizar os potenciais eleitores de votar no suposto vencedor, sob o argumento de que “já ganhou, e por isso não precisa do nosso voto”.
Enfim, esta é a realidade de alguma imprensa regional. Uma confrangedora realidade. Esta é apenas mais uma sondagem para esquecer.
[Curiosamente, uma outra sondagem publicada por esta altura noutro órgão de comunicação social regional, apresentava um empate técnico entre PS e PSD, à Câmara de Lagos.]

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu até voto no Julinho,
mas os outros capangas não apanham nada.
Engalinho com o PS, pronto !!!

Makejeite disse...

Não podia estar mais de acordo. Mas é preciso saber quem encomendou a sondagem. É sabido, isto é, é logico que um jornal da dimensão do Barlavento não tem arcaboiço para mandar executar uma sondagem destas (repare-se que as nacionais são sempre partilhadas por várias entidades), portanto, quase à boca das urnas um dos partidos partilhou os custos. A orientação política é pública, mas o palavreado não era lisonjeiro. Muito estranho, mas mesmo muito estranho. Mais ainda sabendo nós como sabendo que os jornalístas não gostam de ser mandados e aquele ainda menos.
Ficamos por mais um excelente artigo do 5pontas, valha-nos isso.!!

Anónimo disse...

Bom trabalho ......
Pensar sobre o trabalho dos outros é ter a capacidade dizer o que está mal....dizer como se faz bem.......
Gosto do pensamento linear e realista deste blog..
Continua ......LAGOS merece e deve aplaudir quem tem a visão do estado das coisas .......