1.110 – 241 = 869 BOAS RAZÕES

Nas eleições para a Assembleia da República, que tiveram lugar em 20 de Fevereiro último, o Bloco de Esquerda (BE) obteve 1.110 votos, no concelho de Lagos.
No sufrágio para a Câmara Municipal, no passado dia 9 de Outubro, o mesmo partido obteve somente 241 votos, ficando atrás do CDS-PP.
Embora se saiba que estas duas eleições não são comparáveis, há algo que se pode relacionar: os eleitores inscritos e que exercem o seu direito e dever de votar. E estes (869 mais exactamente), em Lagos, no espaço de quase oito meses decidiram retirar a confiança política ao Bloco.
Ora, se os dirigentes nacionais do partido são os mesmos, se a orientação política nacional não se alterou, a razão deste fracasso eleitoral deverá ser encontrada a nível local, já que foi aqui que se verificaram alterações substanciais.
Com listas compostas na sua maioria por cidadãos não residentes no concelho de Lagos, que não vivem cá nem tão pouco sabem o que cá se passa, com um “programa eleitoral” que não o era, com pessoas que constituem as listas a se moverem por interesses particulares, o descalabro eleitoral afigurava-se inevitável e acabou por se verificar. As eleições também não se ganham com uma “carinha laroca”, como afirmou e incentivou um destacado dirigente nacional do Bloco, em estado pré-comatoso, a propósito da candidatura em Lagos. É que o Povo, os cidadãos eleitores lacobrigenses até poderão não ser muito participativos na vida pública local, mas duas coisas não são de certeza: nem PARVOS, nem ESTÚPIDOS! Cidadãos estes, que ao longo de 30 anos de democracia, revelaram (genericamente) ter maturidade política para saber destrinçar o certo do errado, o que é bom e o que não presta.
A campanha eleitoral, feita por quem não tem a mínima noção do que é uma campanha eleitoral foi má, medíocre, uma vergonha, e ninguém deu por ela. Daí, também, as 869 boas razões. Os votantes, tendo compreendido as intenções políticas menos honestas, a falta de seriedade da proposta, interrogando-se porque razão dois dos fundadores do Núcleo de Lagos do BE se afastaram dias antes da entrega do processo eleitoral, face a uma campanha que não existiu, decidiram não pôr a cruzinha do boletim de voto neste disparate inconsequente e cretino, o que levou a que o partido perdesse o crédito que havia conquistado em Fevereiro último, com trabalho visível e com seriedade.
Igualmente derrotada desta trapalhice desmesurada sai a Coordenadora Distrital, embora também suspeitemos que o coordenador José Manuel do Carmo não venha a tirar ilações do descalabro que constituiu para o BE ter-se apresentado a sufrágio em Lagos.Agora, pode ser que quem dirigiu o Núcleo de Lagos do Bloco de Esquerda nos últimos meses tenha uma réstia de vergonha na cara (o que duvidamos seriamente, pois já revelou não ter nenhuma) e entregue a direcção local do partido a quem trabalha, a quem é honesto, a quem quer lutar com seriedade ao lado das populações, contribuindo decisivamente para a melhoria do bem-estar comum dos lacobrigenses. Se bem que duvidemos... É que ele há pessoas que não se enxergam. Nem que a vaca tussa.