Nem sempre as histórias começam assim, nem podem acabar assim, nem se interpretam assim. Estas duas histórias estão unidas por um fio condutor que leva a um mesmo país, por um lado, e também a maioria dos países, por outro. Mas todas as histórias verdadeiras e dramáticas como estas têm um passado, um presente e um futuro.
Estou a falar dos Estados Unidos, erradamente e não por acaso, conhecido como América e também do Chile: do Chile da Unidade Popular, de Salvador Allende, das expropriações das grandes multinacionais do cobre, da ITT, do Chile onde um operário que desfilava numa manifestação de apoio ao Governo sintetizava sozinho com o seu cartaz o sentimento da maioria do povo chileno: «Este gobierno es una mierda, pero es mi Gobierno», do Chile do canto, da música, dos amores e desamores, da amizade profunda e da inimizade também, da fraternidade humana mais pura e do ódio mais requintado, das discussões políticas e da cultura nos excelentes livros baratos que publicava o Governo chileno e na alfabetização do povo. Dos erros e dos acertos do Governo, dos trabalhadores, dos partidos de esquerda. Do vinho que aquecia a alma e corpo. Da luta. Da vida intensa que não necessitava de psiquiatras e sim de dias de 48 horas para poder vivê‑Ia.
Mas, nesse Chile que o seu povo queria construir, pairava o ódio concentrado dos seus inimigos. «Não podemos aceitar que por irresponsabilidade do povo chileno, (dos “rotos”, como são chamados depreciativamente pelos grandes senhores os pobres do Chile), tenhamos um Presidente marxista que faça desse país uma nova Cuba», Henry Kissinger, secretário de Estado do Governo de Nixon, dixit.
Os Estados Unidos eram o principal inimigo de Chile: do povo chileno, dos seus trabalhadores, intelectuais, camponeses, indígenas Mapuches, estudantes, das suas crianças pobres encontrando naquele 11 de Setembro do ano 1973, século XX, o mensageiro da morte em Augusto Pinochet e cúmplices, os militares, os ricos chilenos e na imprensa «imparcial e isenta» e o Governo de Estados Unidos o seu principal responsável, em nome das suas empresas, em nome da Democracia, em nome da paz, da justiça, do anticomunismo, em nome da liberdade de mercado e os seus arautos como o economista estado‑unidense Milton Friedman, assassinaram milhares de pessoas, torturaram de acordo com as regras dadas a conhecer na «Escola das Américas» sediada em Panamá (agora dissolvida) «por professores da CIA», torturaram para obter confissões, e agora preparam‑se para legitimar a tortura, e também para semear o terror, torturaram ainda, crianças de três anos para que os pais falassem e tudo o que fizeram os militares chilenos foi aprendido na tal Escola das Américas dirigidas pelos Estados Unidos.
Mataram a poesia da vida.
Para quê? Porquê? Para que os capitalistas, os imperialistas ianquis e os seus aliados nativos não deixassem de ter lucros, mais lucros. E durante 13 ou 14 anos, o Chile viveu no terror, no analfabetismo, na miséria, com crianças com fome, sem leite e sem pão. E o mesmo fizeram, noutros dias que não o 11, ou mesmo no Uruguai meu país, na Argentina, no Brasil, em toda a América. Foi o começo da política capitalista chamada «neoliberal». Para implantá‑la tinham que matar toda a resistência, matar física e espiritualmente. Tentaram e fizeram o melhor possível, mas não conseguiram os seus objectivos mas essa história de crimes vinha de longe.
Mas antes há que referir o que faz ou pode fazer uma empresa dos Estados Unidos.
O Presidente da Union Carbide – Warren, cidadão dos Estados Unidos – Empresa de Pesticidas dos EUA, sediada na Índia, foi acusado – com mandato de captura – de negligência criminal porque no ano de 1984, a 2 de Dezembro, a sua empresa, para não ter gastos «prescindíveis», eliminou os sistemas de segurança e, nesse dia, uma explosão na fábrica matou entre 16 mil e 30 mil pessoas. «Danos colaterais» na Índia, então, que importa? Não foi em Nova Iorque e, portanto, o Sr. Anderssen deve hoje continuar a matar por não querer gastar na segurança dos trabalhadores das suas fábricas.
Mas a própria história dos EUA começou por ser criminosa moral ou materialmente.
Conhece‑se, por acaso, o nome de Thomas Payne, ligado profundamente à história desse país no seu começo, como o grande ideólogo dos pobres, dos pequenos agricultores, dos negros escravos contra os critérios de G. Washington, inglês que lutou como soldado pela independência dos Estados Unidos e tem o livro mais importante dessa época, Common Sense dirigido aos soldados independentistas? É difícil conhecê-lo. Porque foi banido da história do Norte do país. Porquê? Porque lutava pelos brancos pobres, negros, indígenas.
[Este texto, da autoria do jornalista uruguaio André Martín, conheceu a estampa no dia 27 de Dezembro de 2001, no jornal Diário de Notícias, cerca de três meses e meio depois do atentado perpetrado contra as torres gémeas (Twin Towers), da cidade de Nova Iorque.
Porque o ruído provocado pelos gritos histéricos das carpideiras oficiais da Nação nos incomoda sobremaneira, porque partilhamos o pensamento do autor, porque subscrevemos a sua análise, porque também não esquecemos Salvador Allende, morto em 11 de Setembro de 1973, decidimos publicá-lo na íntegra (não obstante alguns erros gramaticais), hoje e amanhã. É este o nosso contributo para a compreensão do atentado e do que o poderá ter motivado.
Quem desejar mais informação, quem quiser reflectir mais profundamente sobre este tema, deverá ler este texto de Joaquín Oramas, publicado no jornal Granma, de Cuba. (http://www.granma.cu/portugues/2005/septiembre/mier7/37incognitas.html).]
Estou a falar dos Estados Unidos, erradamente e não por acaso, conhecido como América e também do Chile: do Chile da Unidade Popular, de Salvador Allende, das expropriações das grandes multinacionais do cobre, da ITT, do Chile onde um operário que desfilava numa manifestação de apoio ao Governo sintetizava sozinho com o seu cartaz o sentimento da maioria do povo chileno: «Este gobierno es una mierda, pero es mi Gobierno», do Chile do canto, da música, dos amores e desamores, da amizade profunda e da inimizade também, da fraternidade humana mais pura e do ódio mais requintado, das discussões políticas e da cultura nos excelentes livros baratos que publicava o Governo chileno e na alfabetização do povo. Dos erros e dos acertos do Governo, dos trabalhadores, dos partidos de esquerda. Do vinho que aquecia a alma e corpo. Da luta. Da vida intensa que não necessitava de psiquiatras e sim de dias de 48 horas para poder vivê‑Ia.
Mas, nesse Chile que o seu povo queria construir, pairava o ódio concentrado dos seus inimigos. «Não podemos aceitar que por irresponsabilidade do povo chileno, (dos “rotos”, como são chamados depreciativamente pelos grandes senhores os pobres do Chile), tenhamos um Presidente marxista que faça desse país uma nova Cuba», Henry Kissinger, secretário de Estado do Governo de Nixon, dixit.
Os Estados Unidos eram o principal inimigo de Chile: do povo chileno, dos seus trabalhadores, intelectuais, camponeses, indígenas Mapuches, estudantes, das suas crianças pobres encontrando naquele 11 de Setembro do ano 1973, século XX, o mensageiro da morte em Augusto Pinochet e cúmplices, os militares, os ricos chilenos e na imprensa «imparcial e isenta» e o Governo de Estados Unidos o seu principal responsável, em nome das suas empresas, em nome da Democracia, em nome da paz, da justiça, do anticomunismo, em nome da liberdade de mercado e os seus arautos como o economista estado‑unidense Milton Friedman, assassinaram milhares de pessoas, torturaram de acordo com as regras dadas a conhecer na «Escola das Américas» sediada em Panamá (agora dissolvida) «por professores da CIA», torturaram para obter confissões, e agora preparam‑se para legitimar a tortura, e também para semear o terror, torturaram ainda, crianças de três anos para que os pais falassem e tudo o que fizeram os militares chilenos foi aprendido na tal Escola das Américas dirigidas pelos Estados Unidos.
Mataram a poesia da vida.
Para quê? Porquê? Para que os capitalistas, os imperialistas ianquis e os seus aliados nativos não deixassem de ter lucros, mais lucros. E durante 13 ou 14 anos, o Chile viveu no terror, no analfabetismo, na miséria, com crianças com fome, sem leite e sem pão. E o mesmo fizeram, noutros dias que não o 11, ou mesmo no Uruguai meu país, na Argentina, no Brasil, em toda a América. Foi o começo da política capitalista chamada «neoliberal». Para implantá‑la tinham que matar toda a resistência, matar física e espiritualmente. Tentaram e fizeram o melhor possível, mas não conseguiram os seus objectivos mas essa história de crimes vinha de longe.
Mas antes há que referir o que faz ou pode fazer uma empresa dos Estados Unidos.
O Presidente da Union Carbide – Warren, cidadão dos Estados Unidos – Empresa de Pesticidas dos EUA, sediada na Índia, foi acusado – com mandato de captura – de negligência criminal porque no ano de 1984, a 2 de Dezembro, a sua empresa, para não ter gastos «prescindíveis», eliminou os sistemas de segurança e, nesse dia, uma explosão na fábrica matou entre 16 mil e 30 mil pessoas. «Danos colaterais» na Índia, então, que importa? Não foi em Nova Iorque e, portanto, o Sr. Anderssen deve hoje continuar a matar por não querer gastar na segurança dos trabalhadores das suas fábricas.
Mas a própria história dos EUA começou por ser criminosa moral ou materialmente.
Conhece‑se, por acaso, o nome de Thomas Payne, ligado profundamente à história desse país no seu começo, como o grande ideólogo dos pobres, dos pequenos agricultores, dos negros escravos contra os critérios de G. Washington, inglês que lutou como soldado pela independência dos Estados Unidos e tem o livro mais importante dessa época, Common Sense dirigido aos soldados independentistas? É difícil conhecê-lo. Porque foi banido da história do Norte do país. Porquê? Porque lutava pelos brancos pobres, negros, indígenas.
[Este texto, da autoria do jornalista uruguaio André Martín, conheceu a estampa no dia 27 de Dezembro de 2001, no jornal Diário de Notícias, cerca de três meses e meio depois do atentado perpetrado contra as torres gémeas (Twin Towers), da cidade de Nova Iorque.
Porque o ruído provocado pelos gritos histéricos das carpideiras oficiais da Nação nos incomoda sobremaneira, porque partilhamos o pensamento do autor, porque subscrevemos a sua análise, porque também não esquecemos Salvador Allende, morto em 11 de Setembro de 1973, decidimos publicá-lo na íntegra (não obstante alguns erros gramaticais), hoje e amanhã. É este o nosso contributo para a compreensão do atentado e do que o poderá ter motivado.
Quem desejar mais informação, quem quiser reflectir mais profundamente sobre este tema, deverá ler este texto de Joaquín Oramas, publicado no jornal Granma, de Cuba. (http://www.granma.cu/portugues/2005/septiembre/mier7/37incognitas.html).]
6 comentários:
"Quem semeia vento, colhe tempestade" parece que destes, alguns sequer sabem o que fazer após essa tempestade...
Também o Traduzir-se publica este texto. Também o Traduzir-se tenta compreender muitas coisas...
GRANDES beijos
Parabens pela iniciativa, apesar de politicamente estarmos em profundo desacordo de formas nos conteúdos acordamos de forma assutadoramente próxima, Porque raio de razão será?.
Sim, porque será? Abraço e é um prazer ter o Guimas de volta. Saudações.
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